ArTentos

& Ardidos

O sabor agridoce de viver num sonho

O sabor agridoce de realizar um sonho.

No minuto final, falta gás, sobra peso na bagagem.

Agora estou longe demais para voltar – e não poderia, por fim, sendo quem me tornei no caminho – o que deixei para trás quase consegue tocar meus pés e segurá-los em raízes conhecidas e tão minhas que me fazem ser eu.

Dói não poder carregar tudo, dói soltar o que a gente não quer, mas precisa. Dói ainda mais se o que se solta é feito de amor, cuidado e todo o resto ruim que é tão pequeno visto daqui.

O que o caminho muda durante sua existência e cria suas novas crenças e aceitações: de repente tudo é nada e o que foi ruim parece que nem foi. Sumiu.

Como os segundos no ar que passam voando, e não voltam. Como o domingo à tarde embaixo da árvore, e os almoços passados há anos no jardim do liceu. E as risadas contidas pelo nervosismo nos bares da rua Ana Maria. Mas passou, e a dor nem parece ter mais esse formato.

Da vontade de levar na bagagem para qualquer lugar do mundo. Onde se deve, onde se torna o que se é. O sabor agridoce da realização de sonhos se consagra no momento em que eles param de ser sonhos e caem na terra – realidade que é sempre mais dura, menos bonita e mais conhecida.

Atentos. Seguimos.

Uma resposta para “O sabor agridoce de viver num sonho”

  1. Avatar de artentos

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